Algumas
das caminhadas mais emocionantes e exigentes da Alta Via 1, situam-se perto do
Passo Falzarego, outra zona de enorme interesse histórico devido à presença de importantes
vestígios de batalhas da Primeira Guerra Mundial.
Aqui
se fixaram as primeiras vias ferratas de Itália que ajudaram os
soldados a movimentar-se com segurança e mais rapidamente pelas montanhas quase
verticais do Monte Lagazuoi (2750 m).
Este
é o ponto mais alto do percurso da Alta Via 1, de onde é possível aproveitar
panorâmicas maravilhosas de perder de vista.
Estava
muito entusiasmada com a hipótese de explorar este local e o que sonhei com as vistas do terraço do Refúgio Lagazuoi, reservado para essa noite.
Mas,
como sempre, a montanha é que manda e quando chegamos ao Refúgio, depois de
apanhar o teleférico desde o Passo Falzarego, as vistas até se iam revezando
com os nevoeiros, mas todos os trilhos estavam debaixo de neve.
Excepto um: a famosa Galleria Lagazuoi, um túnel de guerra escavado na rocha,
que atravessa a montanha de alto a baixo pelo seu interior.
A
caminhada até à entrada da galeria é uma experiência excepcional, pela paisagem
em que se insere (que fomos apreciando nuvem sim, nuvem não) e pelas suas características que nos permitem ter uma ideia das
dificuldades extremas em que operavam os soldados de ambos os exércitos.
As
cicatrizes das batalhas que aqui aconteceram há 100 anos (entre 1915 e 1917) ainda são
reconhecíveis, tais como trincheiras, esconderijos, arame farpado e outras
relíquias da Primeira Guerra Mundial que podem ser encontradas junto aos troços
originais da via ferrata.
Entramos
na galeria atravessando uma porta de madeira no topo de uma escarpa que aparentemente não leva a lado nenhum e lentamente vamos descendo os 650m de desnível até ao Passo
Falzarego.
Ao longo da descida encontramos as habituais janelas de snipers, divisões para armazenamento de mantimentos, abrigos e várias ramificações do túnel principal.
Com
o adensar do nevoeiro na via ferrata de Cengia Martini, a paisagem desaparece, e nós damos a mão à
palmatória: decidimos cancelar os refúgios marcados, descer à cota zero e apontar agulhas para o
Adriático.
Mas deixamos as Dolomites, já a pensar em agendar um regresso.
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