21 de maio de 2014

viajar no Tibete

Uma das realidades que marcam a decisão de viajar no Tibete, pelo menos nas pessoas que gostam de organizar tudo sozinhas, é que se começa logo a viajar no sofá. 
Tem mesmo que ser.

Primeiro é preciso escolher que zona do Tibete visitar. Para mim isso foi fácil, pois há muito que sonhava com este itinerário Trans-Himalaico de Lhasa a Kathmandu, que por sinal é possível enquadrar em quaisquer 2 semanitas de férias. 
Mas o Tibete, étnico, cultural, é muito grande, cobre cerca de 1/4 da China e nem todo ele requer o mesmo tipo de burocracia para se viajar.


Por exemplo: as regiões tibetanas de Amdo e Kham fazem parte das províncias chinesas de Qinghai, Sichuan, Yunnan e Gansu, e para viajar aqui não é preciso programar nada, só é preciso ter um visto chinês.
Mas por outro lado, Lhasa, a capital, faz parte da Região Autónoma do Tibete (TAR) e aí é necessário obter permits especiais. De acordo com as últimas deliberações governamentais chinesas, para obter esses permits, todos os estrangeiros têm que fazer parte de uma viagem organizada durante toda a sua estadia na TAR e não existem excepções.

Para isso é necessário escolher uma agência de viagens. Existem imensas agências que organizam viagens para o Tibete mas quanto a mim o melhor é escolher uma baseada em Lhasa e já agora que seja mesmo tibetana.

Depois de se escolher a agência, combina-se o itinerário e fixa-se o preço. O que está ou não incluído é muito importante: algumas propostas incluem alojamento, refeições, entradas, outras limitam-se apenas ao transporte e ao guia. Preferi do segundo modo pois assim é possível ter mais liberdade de escolha e melhor noção de para onde vai o dinheiro.
Normalmente quanto mais pessoas juntas fizerem a mesma viagem, mais barato fica, pois o custo do transporte e do guia é partilhado, mas não é obrigatório andar no Tibete em grupo, nem existem itinerários pré-definidos ou “dias de partida”. Os itinerários podem e devem ser custom made e o número de pessoas do "grupo" até pode ser 1.
E o guia é mais um pro-forma. Há locais onde é obrigatório os estrangeiros irem acompanhados, como no Palácio Potala em Lhasa, mas de resto é possível andar à vontade.

O contacto com a agência deve ser feito com alguma antecedência pois são necessárias 2 semanas para processar a documentação (scans do passaporte e do visto chinês) e obter os permits necessários para viajar de acordo com o itinerário: o permit para visitar Lhasa é diferente do para viajar até ao Campo Base do Everest, que por sua vez também é diferente do necessário para ir até ao Monte Kailash.
Estes permits serão sempre verificados no momento de embarque no transporte escolhido para fazer a ligação entre China e Tibete (avião ou comboio) e também nos vários checkpoints militares nas estradas tibetanas.

O visto para a China é fácil, na embaixada, mas é aconselhável não mencionar “viagem para o Tibete” no pedido de visto.

Let's go Tibet!

--

É preciso ter em conta que estas regras são do mais volátil que existe.
O Tibete só “abriu” a estrangeiros nos anos 80 e desde então já foi mais fácil e mais difícil viajar no Tibete.
Gosto de pensar que no futuro tudo será mais fácil. Mas dadas as circunstâncias, para isso é preciso que ninguém se lembre de gritar “FREE TIBET” do topo do Potala Palace. 

Não que não dê vontade.

2 comentários:

Alessandra disse...

Olá, tudo bem?! Fui pro Tibet em 2013, fazendo o roteiro básico de Lhasa, Shigatse e indo até o EBC. Mas não me senti muito bem, e quero voltar pra tentar conhecer um Tibet mais verdadeiro. Por isso pensei em ir para Gansu, onde a cultura tibetana está bem presente, sem necessidade da permissão, ou de excursão. Você tem dicas sobre essa região da China?! Obrigada!

Vento no Cabelo disse...

Olá Alessandra! Infelizmente ainda não conheço a província de Gansu :-) Só sei que não necessita de permit, só de visto chinês.