Uma das realidades que marcam a decisão de viajar no
Tibete, pelo menos nas pessoas que gostam de organizar tudo sozinhas, é que se começa
logo a viajar no sofá.
Tem mesmo que ser.
Primeiro é preciso escolher que zona do Tibete visitar. Para
mim isso foi fácil, pois há muito que sonhava com este itinerário
Trans-Himalaico de Lhasa a Kathmandu, que por sinal é possível enquadrar em
quaisquer 2 semanitas de férias.
Mas o Tibete, étnico, cultural, é muito grande,
cobre cerca de 1/4 da China e nem todo ele requer o mesmo tipo de burocracia
para se viajar.
Por exemplo: as regiões tibetanas de Amdo e Kham fazem
parte das províncias chinesas de Qinghai, Sichuan, Yunnan e Gansu, e para
viajar aqui não é preciso programar nada, só é preciso ter um visto chinês.
Mas por outro lado, Lhasa, a capital, faz parte da Região
Autónoma do Tibete (TAR) e aí é necessário obter permits especiais. De acordo com as últimas deliberações governamentais
chinesas, para obter esses permits, todos os estrangeiros têm que fazer parte de uma viagem organizada
durante toda a sua estadia na TAR e não existem excepções.
Para isso é necessário escolher uma agência de viagens.
Existem imensas agências que organizam viagens para o Tibete mas quanto a mim o
melhor é escolher uma baseada em Lhasa e já agora que seja mesmo tibetana.
Depois de se escolher a agência, combina-se o itinerário e
fixa-se o preço. O que está ou não incluído é muito importante: algumas
propostas incluem alojamento, refeições, entradas, outras limitam-se apenas ao
transporte e ao guia. Preferi do segundo modo pois assim é possível ter mais
liberdade de escolha e melhor noção de para onde vai o dinheiro.
Normalmente quanto mais
pessoas juntas fizerem a mesma viagem, mais barato fica, pois o custo do
transporte e do guia é partilhado, mas não é obrigatório andar no Tibete em
grupo, nem existem itinerários
pré-definidos ou “dias de partida”. Os itinerários podem e devem ser custom made e o número de pessoas do "grupo" até pode ser 1.
E o guia é mais um pro-forma. Há locais onde é obrigatório os estrangeiros irem acompanhados, como no Palácio Potala em Lhasa, mas de resto é possível andar à vontade.
O contacto com a agência deve ser feito com alguma
antecedência pois são necessárias 2 semanas para processar a documentação
(scans do passaporte e do visto chinês) e obter os permits
necessários para viajar de acordo com o itinerário: o permit para visitar Lhasa
é diferente do para viajar até ao Campo Base do Everest, que por sua vez também
é diferente do necessário para ir até ao Monte Kailash.
Estes permits serão sempre verificados no momento de
embarque no transporte escolhido para fazer a ligação entre China e Tibete
(avião ou comboio) e também nos vários checkpoints militares nas estradas
tibetanas.
O visto para a China é fácil, na embaixada, mas é
aconselhável não mencionar “viagem para o Tibete” no pedido de visto.
Let's go Tibet!
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É preciso ter em conta que estas regras
são do mais volátil que existe.
O Tibete só “abriu” a
estrangeiros nos anos 80 e desde então já foi mais fácil e mais
difícil viajar no Tibete.
Gosto de
pensar que no futuro tudo será mais fácil. Mas dadas as circunstâncias, para isso é preciso que ninguém se
lembre de gritar “FREE TIBET” do topo do Potala Palace.
Não que não dê
vontade.
2 comentários:
Olá, tudo bem?! Fui pro Tibet em 2013, fazendo o roteiro básico de Lhasa, Shigatse e indo até o EBC. Mas não me senti muito bem, e quero voltar pra tentar conhecer um Tibet mais verdadeiro. Por isso pensei em ir para Gansu, onde a cultura tibetana está bem presente, sem necessidade da permissão, ou de excursão. Você tem dicas sobre essa região da China?! Obrigada!
Olá Alessandra! Infelizmente ainda não conheço a província de Gansu :-) Só sei que não necessita de permit, só de visto chinês.
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