No último dia de caminhada nas Torres del Paine
saímos da alçada dos Cuernos e do Paine Grande. Com a distância que colocamos
entre nós conseguimos pô-los em perspectiva.
E é uma perspectiva ainda mais espectacular, naqueles momentos raros em que não existe vento, com o reflexo das montanhas no lago.
Caminhamos em direcção ao Lago Pehoé, que
atravessaremos de barco, de volta à “civilização”.
Enquanto esperamos pelo barco, juntam-se vários caminhantes que descansam sentados em cima das próprias mochilas enquanto vão
partilhando as suas aventuras nos trilhos. Contam o que viram, que percursos
fizeram, como estava o tempo, como passaram as noites, como a água era fresca.
Quando o barco chega, saem outros tantos cheios
de energia, uns mais efusivos perguntam “How was it?”, outros mais contidos
apenas sorriem, mas todos estão inquietos para começar e para saber o que estaremos a
sentir, para além de cansaço.
No barco, os passageiros acumulam-se no deck. Toda a gente quer despedir-se deste sítio encantado, único e capaz de surpreender em cada minuto.
O vento faz com que as nuvens rasem o topo
dos maciços gigantes e ao mesmo tempo emaranha-me o cabelo à medida que me vou afastando.
Ainda que haja toda uma explicação científica
magmático-sedimentar para a formação destas montanhas recortadas, não consigo
enxotar o sentimento de que talvez também tenham surgido por magia.
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