“A Mezquita de
Córdoba é um edifício de extraordinário poder místico e estético”
Não podia estar mais de acordo.
Encontramos a Mezquita mesmo no centro da cidade, junto à ponte Romana e rodeada pelos bairros
Judeu e Mouro.
É um sítio muito difícil de ir só uma vez. Impossível mesmo.
Eu tive que ir e voltar.
A Mezquita de Córdoba, Património da Humanidade desde 1984 é o
monumento mais importante de todo o Ocidente islâmico e, para mim, um dos mais espantosos que já vi.
A sua história resume a evolução do estilo Umayyad em Espanha,
para além dos estilos gótico, renascentista e barroco contemporâneos da
construção da catedral cristã.
De fora a Mezquita parece um forte com os seus muros altos e portas maciças.
Mas quando transpomos essas portas encontramos o Pátio de los Naranjos, como em Sevilha, com laranjeiras plantadas de forma milimétrica, como que replicando a floresta de colunas de pilares que deu fama ao seu interior.
Não deixo de me sentir a fervilhar quando entro na Mezquita, sei que lá dentro acontece magia.
Presencia-se um dramático jogo de luz e perspectiva à medida que se percorrem os arcos vermelhos e brancos ao longo do que parecem infinitas alas até ao mihrab.
Noto o contraste entre a escuridão horizontal do espaço muçulmano e o
brilho vertical da catedral cristã.
Fascina-me estes dois espaços serem na realidade só um e ter à distância de um braço esticado a oportunidade de apreciar dois estilos arquitectónicos tão diferentes e aqui, em perfeita comunhão.
Fascina-me estes dois espaços serem na realidade só um e ter à distância de um braço esticado a oportunidade de apreciar dois estilos arquitectónicos tão diferentes e aqui, em perfeita comunhão.
A Mezquita foi contruida em 786 mas ampliada várias vezes sob o domínio
muçulmano de Córdoba. Estas ampliações mantiveram-se sempre fiéis ao design
original.
Após a Reconquista Cristã de Córdoba em 1236, começaram os trabalhos
para a transformação da Mezquita num local de culto cristão que culminou com a
controversa construção de uma catedral no centro do edifício.
Hoje, apesar da presença da catedral, a maior parte da estrutura da mesquita original permanece extraordinariamente bem preservada e fez-me pensar como seria excepcional se no mundo todas as religiões coexistissem em harmonia.
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