13 de julho de 2016

[pedalar] na ecopista do Dão

Sou uma pinga-amor ferroviária.
O comboio é o meu meio de transporte preferido, no dia-a-dia e nas férias. Foram os interrails que me despertaram o gosto de viajar e não me assusto com a ideia de passar 30h dentro de um comboio, faz parte da experiência.
Emocionei-me com o fecho da Linha do Tua e gosto de parar nos apeadeiros abandonados de linhas desactivadas há décadas, tirar fotografias e ficar por ali a imaginar como seria quando os comboios passavam por lá.
Do mesmo modo, também vibrei com a abertura da guest house Trainspot na estação de Marvão e com a ideia de um Plano Nacional de Ecopistas criado pela REFER (hoje IP), cujo objectivo é a requalificação e reutilização das linhas e canais ferroviários desactivados de Portugal. Genial, não é?

Isto tudo para dizer que andava, há muito tempo, à procura de uma oportunidade para ir percorrer uma destas ecopistas.

A maior ecopista portuguesa é a Ecopista do Dão e assenta nos 49 km da antiga Linha do Dão que liga Viseu a Santa Comba Dão.
A Linha do Dão foi a primeira ligação ferroviária à cidade de Viseu e funcionou durante praticamente 100 anos. Encerrou em 1988 e depois de alguns anos do tal abandono sofreu uma metamorfose e é hoje uma das ecopistas mais bem cotadas da Europa dinamizando a região e oferecendo uma nova vida à infra-estrutura.

O melhor de percorrer esta ecopista é que é acessível a todos. São quase 50 km mas o desnível nunca é muito acentuado (característica obrigatória nos projectos de traçado ferroviário), existem muitas sombras e vários pontos onde é possível parar para descansar ou beber um refresco pois os apeadeiros também foram reabilitados e alguns hoje são cafés e esplanadas, existem locais onde é possível alugar bicicletas junto à ecopista, e quem não quiser fazer ida e volta facilmente conseguirá um transfer do fim para o início do percurso ou vice-versa.

Pelo caminho passamos por vários pontos de interesse: para além dos apeadeiros encontramos antigas pontes ferroviárias e túneis. Apercebemo-nos que mudamos de concelho pois o pavimento está pintado de cor diferente: Viseu é vermelho, Tondela é verde e Santa Comba Dão é azul. 

Depois há a Natureza e a paisagem magnífica: em Viseu é mais campestre atravessando vinhas, campos agrícolas e pequenas aldeias, em Tondela a floresta toma conta de nós e somos envolvidos pelo aroma dos eucaliptos e pinheiros, em Santa Comba Dão grande parte do troço acompanha o rio e para aqueles que acham que isto não é programa de Verão, há uma surpresa ao km 40 * splash *

Portugal no seu melhor. Maravilhoso.












Um dos objectivos do Plano Nacional de Ecopistas é garantir a preservação do canal ferroviário para um eventual regresso do comboio no futuro.

Como sou uma pinga-amor ferroviária, nada me deixaria mais feliz, mas enquanto isso não acontece as comunidades locais e os visitantes vão aproveitando, e de que maneira, a pé ou de bicicleta.

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