2 de dezembro de 2009

Caminhos alternativos

22-Setembro-2009

De manhã despedimo-nos de Putre e seguimos para Arica, por um caminho alternativo.

Mas antes temos que passar numa estação de serviço para pôr gasolina e ar num pneu que está em baixo (o caminho alternativo ainda por cima é em terra batida).



Mas não há estações de serviço em Putre e as indicações de “FUEL HERE” levam-nos a uma porta fechada.
É na mercearia que nos aviamos de 10L super inflacionados mas ainda assim mais baratos que em Portugal.

Enquanto esperamos pelo garrafão, eu percebo alegremente de como as mercearias são organizadas de modo igual em todo o lado.... mas não há mercearias destas em todo o lado... também é o senhor da mercearia que nos ajuda com o problema do pneu em baixo.

Estamos prontos.


Para nós o mais importante é não ter que repetir o caminho, pois só há uma estrada, a CH-11, que liga o Parque Nacional Lauca e Putre a Arica, por isso o nosso caminho alternativo começa em Zapahuira onde saímos da estrada principal alcatroada e viramos para o caminho de terra batida em direcção ao pueblo de Belén, para talvez algo como os 160km mais longos da nossa vida.



O capítulo do Norte Grande do Lonely Planet do Chile (cedido gentilmente pela Mochila às Costas) fala numa aventura “off the beaten track”. O Rough Guide nem tem esta estrada do mapa.

A estrada de curva e contra curva de gravilha que sobe e desce e contorna colinas e precipícios não permite grandes aventuras. Velocidade máxima: 30km/h. Quaisquer 40km entre pueblos transformam-se numa eternidade. E para culminar, quando chegamos aos pueblos... estes parecem desertos.

Em Belén apreciamos uma igreja muito engraçada em adobe pintada de branco, mas nenhuma pessoa na rua, nenhuma taberna aberta, riso de criança, nada...
De vez enquando passamos por um camponês a trabalhar no campo que nos acena... uma tranquilidade completa..... e uma sensação de estar verdadeiramente atrás dos montes e longe de tudo.






A meio do caminho a paisagem muda e com isso também a estrada que começa a ter troços rectos. Velocidade máxima: 50km/h. Deixamos a montanha de vegetação rasteira e passamos para um planalto desértico de canyons amarelos.

O rádio sintonizado vai e vem, indicações kilométricas só as dos marcos nas estradas que felizmente existem e nos servem para saber se seguimos na mesma estrada depois de um cruzamento.





As horas vão passando e nós, mortos de fome, vamos percorrendo os kilómetros quais lone rangers no deserto com um rasto de poeira atrás... o Pico do Parinacota ao longe indica-nos que vamos no sentido certo.

Quando finalmente chegamos à Panamericana, passaram 4h...
Voltaram as pessoas, os carros, o rádio, a rede de telemóvel e o abençoado alcatrão. Velocidade máxima: 120km/h.

1 comentário:

fm disse...

Belas fotos, gosto particularmente das praças das igrejas, engalanadas, mas sem gente