11 de abril de 2012

Kagbeni





Na descida para Kagbeni apreciamos uma paisagem lunar e aparentemente estéril. Estamos na realidade num vale que fica “para lá” das montanhas dos Himalaias, do lado Norte, o lado mais protegido das monções e por isso também o lado menos verde.
Em Dezembro os campos já foram colhidos o que transforma este num cenário ainda mais dramático.
Podemos observar os sulcos que a erosão provocou nas colinas à nossa volta. 
Há biliões de anos, esta zona era um mar que separava a Índia da Ásia. Com a junção dos continentes esse mar desapareceu, a terra foi esmagada e surgiram os Himalaias.
Apesar de não estarmos no Tibete, esta é a paisagem típica do planalto tibetano.





Chegamos a Kagbeni já o Sol vai baixo.
Aqui a vida vive-se lentamente. Estrangeiros passam mas não param na rua, a temperatura desce a pique com o Sol por trás das montanhas. Rebanhos de cabras minúsculas são encaminhadas para as casas onde ficam de noite protegidas do frio, o rio Kali Gandaki corre por baixo de pontes de madeira, as crianças sorriem das janelas, ouvimos o som das rodas de oração budistas. Kagbeni tem tradição pagã e animista, e notamos isso em vários apontamentos.






Ficamos numa estalagem construída à moda tibetana de paredes grossas, o Nilgiri View.
A época do trekking já acabou por isso somos só nós e a família que gere a estalagem.
Chegamos já batidos pelo vento que se levanta ao fim da manhã em Kagbeni mas encontramos um sítio para nos aquecermos. Bebemos chá de manteiga e comemos dal baht (lentilhas). Apesar de ser quase impossível comunicar com as pessoas, estas são de uma simpatia sem limites. Sinto-me desarmada ao ser acolhida assim num local tão inóspito.


É exactamente como eu imaginava.

1 comentário:

VagaMundos disse...

Divinal! Estamos a adorar s crónias do Nepal :)
Bjs