Manila é uma
cidade de grandes contrastes onde se misturam as heranças dos vários povos que
ajudaram a criar a sua identidade: filipinos, espanhóis, chineses, americanos e
quiçá, até um pouquinho dos portugueses, já que foi um tal de Fernão de
Magalhães que descobriu o arquipélago em 1521.
É uma cidade frenética
em que se vive a alta velocidade tal é a quantidade de coisas tão diferentes a solicitar
a nossa atenção e a acontecer ao mesmo tempo; mas também pode ser uma cidade
onde estamos parados, se se der o caso de estarmos no trânsito, porque há tanto
e é de loucos.
Como em muitas
cidades que sofreram de aumento de população exponencial e péssimo planeamento
urbano, o trânsito é só o primeiro grande sinal de caos. Depois encontramos a
poluição, os engarrafamentos de pessoas, os miúdos de rua, a prostituição, os bairros de lata.
Manila já sofreu
todo o tipo de catástrofes naturais e humanas. Os terramotos e as cheias ano
após ano, seguidas da guerra que infelizmente tem sido inevitável nos países mais
cobiçados em termos de posição estratégica mundial.
Mas de algum modo tem
conseguido re-erguer-se das cinzas e hoje surge como mais uma mega cidade
asiática, que apesar de ter má reputação e ser evitada pela grande maioria dos
viajantes que não tem tempo a perder, pode tornar-se interessante se for adoptado
o estado de espírito “primeiro estranha-se… depois entranha-se”.
Para isso
é preciso tempo.
Não fui excepção.
A cidade apresentou-se complicada e até um pouco agressiva, começando logo pela
dificuldade que é sair do aeroporto, o não haver sítios para deixar mochilas,
os táxis serem mais caros se chover ou se estiver trânsito, os magotes de
pessoas no metro, as estações de metro serem fora de tudo, o toda a gente falar
connosco e acabar com um “be safe” ou “good luck” como se fossemos sitting ducks numa cidade que nos vai
comer vivos…
Mas depois, tendo
tido a oportunidade de passar por lá mais que uma vez ao longo deste tempo de
Filipinas, foi bem possível começar a ver tudo com outros olhos e começar a entender o obscuro
conceito de “hanging out in Manila”.
A arquitectura, os
cantinhos de Intramuros e o que
resta do período colonial espanhol fazem-nos sentir em casa no outro lado do
mundo; o frenesim religioso que rodeia a estátua do Black Nazarene na igreja de
Quiapo também; a multi-culturalidade
colorida própria de uma Chinatown em Binondo
faz-nos perder em ruelas e mercados que escondem herbalistas, casas de chá e as
mais deliciosas iguarias orientais; o pôr do Sol é na Manila Bay; o franguinho é no Aristocrat; ao início da noite a animação está no Rizal Park onde centenas de famílias passeiam
e aproveitam a temperatura amena; depois segue para Ermita e Malate, os antigos red light districts da cidade onde hoje
se concentram a maior parte dos restaurantes, bares, hotéis e onde tudo ganha nova vida assim que a noite cai.
Aqui ficam alguns ventos manileños.
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