5 de abril de 2006

"a pátria dos roma é onde estão os seus pés"

Acredita-se que o povo cigano nasceu no norte da Índia antiga, onde é hoje o Paquistão. Isto porque a língua que falam – o romani – é comparável a um dos mais antigos idiomas do mundo, o sânscrito, escrito e falado precisamente nessa região.

fotos: Sam Abuzar Eftegarie


Os ciganos são conhecidos como os filhos do vento por serem um povo de costumes nómadas. Há teorias românticas que sugerem as razões para os seus movimentos migratórios: a busca de fortuna, a descoberta de novas terras, o simples espírito de aventura.

Terão eventualmente atravessado o Médio Oriente em direcção à Europa e constituído diversos clãs que predominavam nas regiões do Sul de Espanha, Rússia, Roménia, Jugoslávia. Mas a verdade é que nunca se conseguiram integrar socialmente devido vários factores que vão desde o tom escuro da sua pele, à vontade de viver à margem das outras pessoas não permitindo contactos nem uniões entre raças diferentes... e claro as diferenças religiosas. Sempre foram desprezados pelas diferentes religiões cristãs por causa das suas actividades conotadas com bruxaria, como a adivinhação.

Os ingleses chamaram-lhes “gypsies” pois pensavam tratar-se de um povo vindo do Egipto, mas os ciganos autodenominam-se de “roma” que significa “homem”.


Enquanto nómadas não criam raízes nos sítios por onde passam que não possam ser arrancadas quando chega a vontade de partir.
O romani é uma língua sem forma escrita pelo que apenas se transmite oralmente de uma geração para a outra. E é expressamente proibido ensinar o dialecto cigano aos “gadje”, ou seja, a todas as pessoas que não nasceram ciganas.



Desde sempre que o ofício do cigano está ligado às artes, principalmente à música e à dança.
Assim, foram concerteza aproveitados os ritmos indianos e as melodias islâmicas na génese de ritmos como o Flamenco da Andaluzia.

Consta até que a palavra flamenco se destinava a designar ciganos, do árabe "fellahu" e "mengu", que significava "o camponês errante".

imagens: Fabian Perez


Tanto as danças orientais como o flamenco se podem misturar e é agradável verificar que uma se pode dançar ao ritmo da outra. Ambas têm o que se chama de “alma gitana” o que faz com que não necessitem propriamente de uma coreografia para ser dançadas... são ritmos apaixonados que pedem apenas a vontade de libertar os movimentos e entregar o corpo à música.

Por falar nisso....


... o espectáculo de dança que depois da estreia bombástica em Sintra vai correr o país e passar a sua mensagem.
A companhia de dança CUADRO FLAMENCO convida a AL-MAHIRA, companhia de dança oriental, e o desejo de unir o Ocidente ao Oriente e misturar os mundos mostra que estes não são assim tão diferentes. Os ventos lânguidos e sensuais das arábias juntam-se ao poderosíssimo flamenco e ainda sobra um espacinho... para o Fado.

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