16 de outubro de 2009

La Paz

13-Setembro-2009

La Paz foi fundada pelos colonos espanhóis dada a sua localização estratégica a meio caminho entre Cuzco (capital do Império Inca e depois do Império Espanhol na América Latina) e Potosí (cidade que sustentou em grande parte os luxos do império por causa das minas de prata encontradas no Cerro Rico).
La Paz sempre viveu das benesses comerciais que o facto de se situar na intersecção desta rota com a rota da coca (Altiplano - Yungas) lhe trouxe. É por isso uma cidade essencialmente comercial.
E é também essencialmente uma cidade feia. Exceptuando um ou outro apontamento arquitectónico deixado pelos espanhóis, como a igreja de San Francisco, é uma cidade de casas de tijolo e prédios mal acabados espalhados pelas encostas acima.




Chegamos à Calle Sagárnaga que aparece referenciada no Rough Guide como “Gringo Alley”. Uma espécie de Khao San Road latina onde se organizam todo o tipo de actividades, excursões e expedições e onde há todo o tipo de serviço tourist oriented.
Mas aqui é diferente. La Paz não é propriamente uma cidade de turistas.
É uma cidade mal amada por causa da altitude e do horror arquitectónico. “Porquê La Paz?”
Lembro-me da 1ª impressão que tive de Nápoles. “Porquê Nápoles?”.

Tratamos de checkar a reserva do tour no Salar de Uyuni no Turismo Bolívia-Peru e depois almoçamos. Não se podem tomar aspirinas de barriga vazia... e a cabeça ameaça estoirar.
Falamos espanhol por isso são sempre simpáticos connosco, apesar de sermos gringos.

Ali perto na Calle Linares, aka Calle de las Brujas é o Mercado Hechicheria (Mercado da Bruxaria) onde se vendem todo o tipo de items esotéricos utilizados em rituais religiosos indígenas... desde bonequinhas tipo vudu, kit de oferendas para colocar em altares aos deuses, fetos de lamas.... etc...





Visitamos o museu da coca, que não é mais do que uma sala com uma exposição liceal com cartazes de cartolina e maquetes sobre o cultivo da planta até aos malefícios da cocaína e à invenção da Coca-Cola, a bebida energética que substituiu o álcool durante a lei seca nos Estados Unidos e que supostamente continha cocaína na sua composição.

Descemos a Av. Prado pois suspeitamos de boas vistas sobre as montanhas que rodeiam a cidade. E como diz o ditado “a descer todos os santos ajudam”.
Mas quando subimos a coisa muda de figura.
Há muitos mini-bus (aqui chamam-se micros) de cujas janelas se gritam o(s) destino(s). Apitam e perguntam se queremos entrar. Os micros levam mais ou menos 10 pessoas mas o lema deste serviço é “há sempre espaço para mais um”. Não se importam os condutores nem os passageiros. Tudo é melhor que subir estas ruas a pé.
E eu sinto-me ridícula por não conseguir acompanhar o passo de uma velhota de sacola às costas. Nem de perto nem de longe. Mas não somos só nós. Reparamos que a maior parte dos micros descem a rua vazios e sobem cheios de gente.



Aproveitamos para experimentar salteñas, uma especialidade proveniente de Salta na Argentina (perto da fronteira com a Bolívia) que são uns pasteis em forma de guardanapo recheados com várias coisas. Óptimos.

As mulheres mais tradicionais aqui – suponho que as provenientes de povoações aymara – vestem-se de um modo distinto: saia rodada com folhos muitas vezes de cor garrida e saiotes para lhe dar ainda mais volume, coletes, corpetes ou blusas brilhantes, chapéu de côco preto e um pano colorido que trazem sempre às costas com os seus pertences, qualquer tipo de mercadoria ou bebés.


3 comentários:

Le chat noir disse...

apesar de à primeira vista parecer feia, considero la paz extremamente pitoresca devido aos pequenos apontamentos que a povoam.. assim me parece..


sabias que trouxe um presente da grécia? passa no meu blog e verás..lol

VagaMundos disse...

A essa altitude qualquer colina parece uma montanha. Estamos a gostar dos relatos.
Bjs

fm disse...

fotos de pessoas...hum...algo está a mudar.realmente aqueles pastéis têm bom aspecto.pena não existirem umas fotos do tal mercado.