15 de setembro de 2011

BUS MEMORIES: Uzice – Zabljak

O bus para Zabljak sai às 12h00. Mas ninguém na estação e posto de informação sabe quantas horas dura a viagem... e quando pergunto ainda olham para mim com ar de “tu e as tuas perguntas!”

Pois às 12h00, autocarro nem vê-lo... nem às 12h30...
Os outros autocarros vão chegando e saindo e ficam por norma 2 ou 3 minutos no apeadeiro. É o tempo suficiente para conseguirmos decifrar o destino escrito em cirílico e nos certificarmos que não estamos a perder o nosso autocarro.
Às 13h00 encontramos uma pessoa que fala inglês. Depois do quebra gelo com as habituais piadas futebolísticas explica-nos que o nosso autocarro vem do Norte do Sérvia (quase na Hungria) e normalmente chega sempre atrasado...

Não percebo! Zabljak é relativamente perto da zona de montanhas de Zlatibor (Sérvia) e o único autocarro diário para lá vem quase da Hungria?

Às 13h30 avistamos finalmente o letreiro Жабљак e em 2 ou 3 minutos estamos dentro do autocarro e em movimento.
Não há 2 lugares juntos. Sento-me atrás do condutor ao lado de uns sacos de plástico e uma caixa de cartão. Pergunto se posso arrumar aquilo no compartimento superior mas eles limitam-se a encolher os ombros e a rabujar algo apontando para os outros lugares vazios.

A viagem é tranquila mas dali a pouco paramos para almoçar e reparo que os motoristas tentam esconder a caixa de cartão que ia ao meu lado. Não são nada simpáticos e olham para mim como se eu estivesse a estorvar.

Junto à fronteira somos parados por polícia que revista o autocarro todo. Mais à frente na alfândega da fronteira (Sérvia-Montenegro) somos novamente revistados. Ficamos parados mais de meia hora enquanto os polícias revistam o autocarro todo, como se soubessem o que procuram...
Entretanto encontram a caixa de cartão que ia ao meu lado, que é confiscada.

Pergunto o que se passa. Um guarda fronteiriço responde “No!” irritado.
Não percebemos nada. Ao longe vemos a caixa de cartão a ser despejada numa mesa no exterior. Vejo os dois motoristas a trocarem grandes maços de notas e os passageiros a fumarem repetidos cigarros.
Alguns pedem boleia a carros que passam na fronteira em direcção ao Montenegro e retiram as bagagens do autocarro. Outros seguem a pé com as malas na mão.

Eu começo a rabiscar a palavra “Zabljak” numa folha em branco e preparo-me para ir pedir boleia.
“Será que isto é normal?” penso...

Eventualmente fazem-me sinal para entrarmos no autocarro. Tínhamos tido permissão para arrancar com um dos motoristas e deixamos a Sérvia e os seus problemas de comunicação.
O outro motorista ficara retido na fronteira, junto com os maços de notas e a misteriosa caixa de cartão....

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