14 de setembro de 2011

"presos" em Uzice

Chegamos a Uzice às 20h. Queremos sair dali e ir para Zabljak (Montenegro) a 150km de distância.

Temos várias opções:
1 – Apanhar o bus nocturno das 21h para Herceg Novi (na costa do Montenegro, junto à Croácia) e no dia seguinte apanhar outro bus para Zabljak. Poupar uma noite.
2 – Apanhar o comboio internacional Belgrado – Bar que chega a Uzice à 1h (se não tiver atrasos), sair em Mojkovac por volta das 4h e de lá tentar desenrascar algo para Zabljak, ainda a 50km de distância. Poupar uma noite.
3 – Ficar “presa” em Uzice e no dia seguinte apanhar o único bus para Zabljak às 12h00.


Por muito que não me agradasse “ficar presa” em Uzice, realizei que já começo a ter tolerância zero para viagens nocturnas... E diga-se de passagem que a opção 1 não teria lógica nenhuma, e  que a opção 2 só teria lógica há 10 anos atrás.

Assim, “presos”, como quando ficamos num sítio que não tem nada para ver nem fazer, como os sítios de passagem que nos dão a sensação de desperdiçar tempo, como aquele tempo que passamos nos aeroportos entre “connecting fllights”.
Num mundo em que vivo cada segundo, porque me parece que é sempre melhor se estiver em movimento?


Ficamos no hotel Zlatibor, um edifício da era comunista, o mais alto de Uzice. Betão rugoso à vista sem acabamento, mobiliário retro de metal tipo anos 70, carpetes ruças do uso, algumas com nódoas, vidros partidos, luzes que não acendem...

Saímos para jantar. Não há restaurantes. Nem abertos nem fechados.
Mas as ruas... cheias como sempre.
Comemos um cachorro e ficamos a observar...

Calor à noite, gente, cafés, gelatarias, pipocas. Gritos de miúdos a correr numa praça gigante, patins em linha, grupos de adolescentes, elas de um lado com os seus vestidos da marca “para usar em noites de verão”, eles do outro de telemóvel da mão, os pais nas conversas de café.
Na Sérvia como em Portugal.

Também “preso” se pode viajar. Já o devia saber.

Sem comentários: