13 de maio de 2014

pato à pequim

Tenho que dizer, que à primeira vista, Pequim tem uma pele grossa difícil de picar. Como um pato assado no forno.

Primeiro são os tabus. É mesmo verdade que existem livros à venda sobre a história da cidade que não mencionam, por exemplo, a questão de tiananmen 1989 ou se mencionam, os parágrafos foram riscados ou as páginas arrancadas. 
Porque não são adequados.
E o facebook, por exemplo, não funciona na China. Os miúdos fixes são os que conseguem desbloqueá-lo nos iphones.

Depois, ao chegar a Pequim pela primeira vez, como em qualquer cidade, há sempre sítios que temos que ver. São obrigatórios. Para nós e para os milhares de turistas que se movem em grupos de dezenas e que quando chegam arrasam qualquer momento zen ou qualquer fotografia. Às vezes parece que estamos num parque temático gigante ao longo do qual os grupos de turistas são manobrados, de atracção em atracção e de volta para o hotel, sem sequer tocar na realidade da cidade.

E mesmo os sítios históricos deixam-nos baralhados. Muitos foram totalmente reconstruídos de raiz depois de terem sido destruídos, às vezes até noutro sítio, porque dava jeito construir um shopping no sítio inicial, ou seja, é quase sempre muito pouco provável estarmos a olhar para qualquer coisa relacionada com o original. Às vezes parece que os sítios históricos foram "inventados" e isso faz-me impressão.
Desculpa Pequim, mas eu fui criada à sombra do Castelo dos Mouros, e esse está lá há mil anos, mais coisa menos coisa.

Ou seja, é preciso alguma tranquilidade para conseguir picar esta pele grossa.

Mas depois, encontramos o que resta dos seus labirínticos hutongs onde nos perdemos a explorar cada recanto, os mercadinhos de antiguidades, os jardins refrescantes, os sítios onde vivem as pessoas.

Nos sítios onde não se paga bilhete, encontramos a verdadeira cidade, muito provavelmente, um delicioso pato à Pequim.








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