Originalmente uma cidade de fundação etrusca, Roma floresceu, cresceu e tornou-se um vasto império. Conta a lenda que foi fundada pelos gémeos Rómulo e Remo que foram abandonados enquanto crianças e alimentados por uma loba. Já adultos os gémeos acabam por se desentender após o que Rómulo assassina o irmão e por isso a cidade se chama Roma e não Reme.
É óptimo estar de volta!
O dia foi preenchido a visitar aquelas que são vistas como as atracções que fazem com que esta cidade seja considerada o prato forte de uma visita a Itália.
O nosso hotel, revelou-se uma óptima escolha uma vez que sendo quase “paredes meias” com o Coliseu, permitiu a estreia do passeio sem grande esforço. Tantas coisas para ver ali tão perto!
Passámos pela igreja de S. Pedro a Vincoli (S. Pedro acorrentado) onde supostamente estão guardadas as correntes às quais este esteve aprisionado, e onde está exposta uma das estátuas de Miguel Ângelo: Moisés.
A entrada no Coliseu hoje era de borla, que sorte, mas a verdade é que o acho bem mais bonito e imponente por fora.
Percorremos a Via dei Foro Imperiale, onde estão afixados numa parede os mapas que mostram o desenvolvimento do domínio do Mar Mediterrâneo por parte dos Romanos, ao qual estes chamavam “Mare Nostrum”.
Aqui também encontramos as ruínas do Mercado de Trajano, até se chegar à Piazza Venezia onde jaz o monumento dedicado a Vittorio Emanuelle, o 1º rei da Itália reunificada.
De volta ao Coliseu, percorreram-se as ruínas do Fórum... bem longe das glórias de outrora. No meu entender, é necessário ser possuidor de grandes quantidades de imaginação para se poder aproveitar esta parte de Roma em todo o seu esplendor. Tenho pena que grande parte do que era, em tempos, a cidade mais poderosa do mundo, esteja agora invisível.
A primeira vez que vim a Roma pensei que as suas ruínas estivessem mais resguardadas, mas não... ali estamos nós a contemplar o coliseu no meio do trânsito com semáforos que insistem em ficar nas fotografias... ou a tentar imaginar como seria o templo de Vesta a partir de três colunas ao som de buzinadelas...
Continuando... a nossa primeira noite em Roma coincidiu curiosamente com a 1ª NOTTE BIANCA de Itália, uma iniciativa cultural que já tinha acontecido noutras cidades do mundo, em que tudo o que é museu, cinema, igreja, monumento, loja, está aberta a noite toda, convidando as pessoas a sair à noite e a conviverem. O tempo está fabuloso, morno, apetece mesmo andar na rua.
O Coliseu iluminado à noite é fantástico, mas achei que podia estar ainda mais iluminado.
A noite está apinhada com esta história da Noite Branca, é incrível, na rádio dizem que 1milhão de pessoas calcorreiam as ruas da cidade, há mais trânsito de noite que de dia!
Mas finalmente chegámos à Piaza Navona, de forma oval pois foi construída sobre as arquibancadas de um anfiteatro onde se faziam competições atléticas.
No centro existe uma fonte gigantesca feita pelo grande artista da época, Bernini, a Fontana dei Quatro Fiumi (fonte dos quatro rios). Em representação dos continentes estão: Danúbio-Europa, Prata-América, um negro com moedas representa as riquezas do continente americano, Ganges-Ásia, um homem de turbante e remo na mão diz que o Ganges é um rio perfeitamente navegável e o Nilo-África, de cabeça coberta pois a sua origem ainda era desconhecida, pelo menos para os europeus.
Seguimos para o Panteão, erigido por Adriano. Adoro este monumento, é dos mais antigos da cidade e um do que está em melhor estado. Mas continuámos até à Fontana de Trevi onde estavam a ser projectadas imagens e uma multidão de pessoas se acotovelava para atirar as tradicionais moedas: “1 para voltar a Roma, 2 para encontrar noivo... e 3 para conseguir o divórcio”...
Chateou-me não conseguir dizer palavra alguma em italiano, pensei que era mais ou menos intuitivo mas o facto é que por enquanto não conseguia passar do “grazie mile”.
28-Set-2003, Domingo
Pronto! E hoje o dia começou às escuras... sem luz, nada... um apagão! Parece que a noite branca de Roma consumiu energia demais e tornou-se num dia escuro com toda a Itália a meio gás.
O clima perfeito e a temperatura amena transformaram-se em chuva.. e os planos de visitar o Museu do Vaticano ficaram em águas de bacalhau por causa do “blackout”. Mas rumámos na mesma ao Vaticano, e a Basílica de S. Pedro, a maior de todas, nunca desilude: a Pietá jovem e doce do Miguelangelo, as marcas no chão do comprimento de outras catedrais, o altar adornado, a urna dourada com os restos mortais de S. Pedro, a estátua de Sta Verónica (que limpou a face de Cristo), os confessionários em todas as línguas, a estátua de bronze de S. Pedro com o pé desgastado dos fiéis passarem a mão, o manto da morte em mármore vermelho, a porta santa que só é aberta em ano de jubileu (25 em 25 anos) por onde passam os crentes para lhes serem perdoados as pecados. Fiquei fascinada com esta porta. Esteve aberta durante o ano 2000 após o qual se fechou até 2025. Achei impressionante ter sido selada com cimento pelo lado de dentro não fosse abrir-se sem querer e haver alguém a quem assim os pecados seriam perdoados sem autorização...
Ao meio dia, como de costume, a Piazza S. Pedro estava cheia de gente para receber a benção dominical de João Paulo II.
A visita religiosa continuou pela catedral de Sta Maria Magiore e pela igreja “Domini quo vadis” no sítio onde S. Pedro foi cruxificado. Na altura da perseguição dos cristãos pelos romanos, Pedro fugia de Roma quando tem uma visão de Jesus a quem ele pergunta “quo vadis domini?” (onde vais senhor?), ao que Jesus responde “volto para Roma, para ser novamente cruxificado”. Assim, Pedro deixa de fugir, volta a Roma e é cruxificado neste local, de cabeça para baixo pois não se achou digno de ser cruxificado da mesma maneira que Jesus.
Na Basílica de São Paulo extra muros (porque é fora da muralha aureliana de Roma) gostei especialmente da estatuária e aprendi a distinguir S. Pedro (de barba curta com chaves na mão) de S. Paulo (barba comprida de espada e pergaminho na mão).
... mas... chega de catequese.
Para jantar escolhemos o Campo dei Fiori, onde me deliciei finalmente com o “spaghetti a le vongoli” (esparguete com amêijoas), delicioso, com alho e salsa. Adoro esta praça, à noite está cheio de gente e tem imensos barzinhos e lojas engraçadas. Ouvia-se alguém a tocar violoncelo na rua. O cappuccino foi na Piazza Navona, ali perto.
No taxi de volta ao hotel, desenvolveu-se risonhamente uma discussão futebolística: Rui Costa vs Totti.
Programa: Museu do Vaticano e Capela Sistina!
Metro: entrar no Colosseo, trocar no Termini e sair no Cipro.
A fila para entrar no museu assustou, mas em 10 minutos estávamos dentro do edifício a comprar os bilhetes. Eram mais ou menos 11h quando entrámos e estava apinhado de gente, acho que escolhemos mal a hora pois nem deu para apreciar bem a “Escola de Atenas”, o meu fresco preferido do Rafael.
A Capela Sistina parecia o metro do Marquês de Pombal na hora de ponta, ainda bem que o Miguelangelo se lembrou de pintar o tecto...
Este sítio é usado para eleger Papas. Quando o Papa morre, os cardeais reúnem-se aqui supostamente fechados à chave, por isso se chama o conclave (con chiave – com chave) e só saem quando foi decidido por votação quem é o próximo Papa. Nesse momento sai fumo branco da chaminé da capela.
O almoço foi na Piazza di Spagna. É uma praça super agradável e cosmopolita... a escadaria tem sempre imensas pessoas sentadas, a tirar fotografias, a conversarem... e há sempre espaço para mais um.
Passeando pela Via Corso chegámos à Piazza del Popolo onde se descansou e tirou fotos às igrejas iguais mas diferentes.
A Via Corso liga a Piazza del Popolo à Piazza Venezia. É uma rua super larga cheia de lojas. Fiquei a saber que se chama Corso porque antigamente nela se realizavam corridas (=corso) de cavalos.
Daí, taxi para o Panteão que agora encontrámos aberto. A cúpula é fenomenal... uma grande obra de engenharia dos tempos idos. Começa com 6m de espessura por cima das paredes até atingir 1.5m no seu ponto mais alto. Era um templo pagão que acabou de ser construído no ano 145 DC... agora é lá que repousam os túmulos de alguns ilustres italianos (Vitorio Emanuelle, Rafael...)
Perto do Panteão está a Chiesa Sto Ignacio de Loyola. Vale bem a pena entrar para ver os frescos que adornam o tecto do pintor Andrea Pozzo. 4 mulheres que personificam os 4 continentes chamam jovens alegres para o céu o que simboliza o sucesso dos missionários jesuítas em todo o mundo. Mas o que é realmente impressionante é a perspectiva criada que dá a sensação de estarmos debaixo de um tecto muito mais alto do que é na realidade.
E o resto da tarde foi passado preguiçosamente numa esplanada na praça do Panteão, a contemplar, a viajar.
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