18 de outubro de 2006

ATENAS perdida no tempo...

22-Ago-2006, terça-feira

19h00: vamos no barco, sentadas num espaço que lembra o McDonalds... chegamos daqui a 6h... Falamos com uma família de franceses que vai ao nosso lado, mas eles saem logo a seguir na illha de Paros... Jogamos ao “stop”... e eu apercebo-me que a minha ginástica mental já não é o que era. Sou um desastre nas categorias de marcas e comidas... Só penso em pastéis de bacalhau, mas não há maneira de sair a letra “P”.

Não consigo dormir – claro – então acabo por decidir lançar-me ao capítulo de história de Atenas do Rough Guide. A Nucha dormita alegremente em cima da mesa.


Atenas transformou-se numa grande metrópole depois de sucessivas vitórias sobre os Persas em 480 AC. Enriqueceu devido a exportação de azeite e prata das minas de Attica. O grande líder PÉRICLES conseguiu grandes ganhos para a cidade nas áreas do teatro, FILOSOFIA (Sócrates), lazer, construção, devido a fundos vindos da Liga de Delos, uma associação das cidades-estado da antiga Grécia de protecção contra os persas.
Surgiu a DEMOCRACIA, conceito que se fundava no principio de que até o cidadão mais pobre tinha direito a decidir os desígnios da sua cidade. A sociedade ateniense floresceu debaixo da efígie da Democracia ainda que só 1 em cada 7 habitantes pudessem votar (mulheres, escravos e estrangeiros ficavam de fora).

O grande desabar da Democracia deu-se aquando da guerra do Peloponese entre Atenas e a sua arqui-rival Esparta. Atenas sucumbiu e perdeu as suas forças bélicas uma atrás da outra, vivendo as décadas seguintes na sombra de Tebas. Mais tarde chega uma nova fase de Democracia, a era de PLATÃO.

Quase 150 anos depois de ter derrotado os Persas, Atenas e as outras cidades-estados da Grécia são chamadas a entrar em guerra contra um novo invasor vindo do Norte, FILIPE da MACEDÓNIA. Foram derrotados pelo filho deste que tomou a cidade com a sua cavalaria. Aos 25 anos tinha conquistado metade do mundo conhecido mas neste momento estava ainda a começar. Chamava-se ALEXANDRE.
Mas, tendo sido um pupilo de ARISTÓTELES, Alexandre respeitava a Democracia e a cultura Ateniense pelo que favoreceu a cidade e esta conheceu uma nova época de desenvolvimento.

Após a morte de Alexandre, todo o império macedónico caiu num período incerto, e também Atenas... até 146 AC, quando foi incorporada no IMPÉRIO ROMANO.

Os Romanos, porém, respeitavam Atenas pela sua antiguidade e os filhos dos mais influentes romanos eram enviados para Atenas para estudar durante o período da “pax romana”.
Atenas passou pelo período Romano sem grandes alterações mas perdeu o seu lugar cimeiro no império Grego-Romano quando este foi dividido em 2 partes, Ocidente e Oriente. Bizâncio (Istambul) foi nomeada a capital do Oriente.

O império BIZANTINO começou assim que uma consciência CRISTÃ tomou conta de Atenas. Em 529 DC, as escolas de filosofia (pagãs) foram encerradas, os templos da cidade – incluindo o Parthenon – transformaram-se em igrejas.


Com as cruzadas vieram os FRANCESES e a Acrópole transformou-se numa corte. Em 1311 vieram os ESPANHÓIS, depois os FLORENTINOS, depois os VENEZIANOS, até 1456 quando chegou o grande sultão Mehmet II, conquistador TURCO de Constantinopla (Istambul).
Atenas regrediu no tempo. Foram cortadas as ligações com o estrangeiro, desapareceram os visitantes, restavam embaixadores e um ou outro ocasional viajante. O Parthenon foi transformado numa mesquita e a vida de Atenas transformou-se numa vida rural, assim como a do grande porto de Piraeus.
O império OTONOMANO durou 400 anos até ser deposto por uma rebelião.

Em 1834, uma monarquia de origem ALEMÃ tomou conta de uma Atenas no seu nadir com apenas 5000 habitantes. Deixou de ser a capital da Grécia moderna, mas um golpe de estado transformou Atenas novamente na capital, apenas por razões simbólicas, pois na altura tinha um número de habitantes insignificante e situava-se num extremo do território.

O SEC XIX veio calmamente. Começaram as escavações arqueológicas e uma cidade modesta tomou forma. O porto de Piraeus cresceu.
Mas o grande “boom” populacional de ambos aconteceu repentinamente em 1921 como resultado de uma trágica guerra entre Grécia e Turquia. Um tratado de paz resolveu a guerra mas foi determinado que haveriam de ser trocadas as populações de cada etnia, muçulmanos por cristãos. As pessoas viram a sua identidade ser avaliada com base apenas na RELIGIÃO e assim, chegaram a Atenas e Piraeus cerca de 1 MILHÃO de refugiados vindos da Turquia. A sua integração e sobrevivência são um dos grandes eventos da história da cidade que deixou marcas até hoje, e que na altura mudou numa acentada a organização e aspecto da capital.
A problemática da integração dos refugiados dominou os anos que antecederam a 2ª GUERRA MUNDIAL, quando Atenas foi ocupada por Alemães.

A cidade começou a desenvolver-se rapidamente durante os 1950’s devido a um massivo investimento industrial financiado por AMERICANOS. Pessoas vindas do countryside fustigado e empobrecido pela guerra preencheram os poucos espaços deixados pelos refugiados e assim cresceu uma cidade durante os 1960’s, desorganizada, sem planeamento, com edifícios antigos a serem demolidos sem a preocupação de preservar o passado.
Rapidamente se chega à Atenas feia, sobrepopulada e suja de hoje... pudera.

Entretanto, o BLUE STAR PAROS também chegou ao Porto de Piraeus. E nós, quais refugiadas vindas do Oriente desembarcamos à 2h00, sem sítio para dormir.

1 comentário:

turbolenta disse...

Parabéns.És uma pessoa que além de simples viajante demonstra um interesse pela história e cultura dos países que visita e não vai apenas por ir,limitando-se a olhar superficialmente e apenas a disparar a máquina fotográfica,para poder mostrar aos amigos e conhecidos e dizer: estive aqui!
Mais que isso, as tuas viagens são "um banho de cultura".
Continua sempre assim.
Boas e muitas viagens.
Ah... e vai-nos dando conhecimento das mesmas.
Beijinhos.
Até sempre.