19h00: vamos no barco, sentadas num espaço que lembra o McDonalds... chegamos daqui a 6h... Falamos com uma família de franceses que vai ao nosso lado, mas eles saem logo a seguir na illha de Paros... Jogamos ao “stop”... e eu apercebo-me que a minha ginástica mental já não é o que era. Sou um desastre nas categorias de marcas e comidas... Só penso em pastéis de bacalhau, mas não há maneira de sair a letra “P”.
Não consigo dormir – claro – então acabo por decidir lançar-me ao capítulo de história de Atenas do Rough Guide. A Nucha dormita alegremente em cima da mesa.
Atenas transformou-se numa grande metrópole depois de sucessivas vitórias sobre os Persas em 480 AC. Enriqueceu devido a exportação de azeite e prata das minas de Attica. O grande líder PÉRICLES conseguiu grandes ganhos para a cidade nas áreas do teatro, FILOSOFIA (Sócrates), lazer, construção, devido a fundos vindos da Liga de Delos, uma associação das cidades-estado da antiga Grécia de protecção contra os persas.
Surgiu a DEMOCRACIA, conceito que se fundava no principio de que até o cidadão mais pobre tinha direito a decidir os desígnios da sua cidade. A sociedade ateniense floresceu debaixo da efígie da Democracia ainda que só 1 em cada 7 habitantes pudessem votar (mulheres, escravos e estrangeiros ficavam de fora).
O grande desabar da Democracia deu-se aquando da guerra do Peloponese entre Atenas e a sua arqui-rival Esparta. Atenas sucumbiu e perdeu as suas forças bélicas uma atrás da outra, vivendo as décadas seguintes na sombra de Tebas. Mais tarde chega uma nova fase de Democracia, a era de PLATÃO.
Quase 150 anos depois de ter derrotado os Persas, Atenas e as outras cidades-estados da Grécia são chamadas a entrar em guerra contra um novo invasor vindo do Norte, FILIPE da MACEDÓNIA. Foram derrotados pelo filho deste que tomou a cidade com a sua cavalaria. Aos 25 anos tinha conquistado metade do mundo conhecido mas neste momento estava ainda a começar. Chamava-se ALEXANDRE.
Mas, tendo sido um pupilo de ARISTÓTELES, Alexandre respeitava a Democracia e a cultura Ateniense pelo que favoreceu a cidade e esta conheceu uma nova época de desenvolvimento.
Atenas passou pelo período Romano sem grandes alterações mas perdeu o seu lugar cimeiro no império Grego-Romano quando este foi dividido em 2 partes, Ocidente e Oriente. Bizâncio (Istambul) foi nomeada a capital do Oriente.
O império BIZANTINO começou assim que uma consciência CRISTÃ tomou conta de Atenas. Em 529 DC, as escolas de filosofia (pagãs) foram encerradas, os templos da cidade – incluindo o Parthenon – transformaram-se em igrejas.
Atenas regrediu no tempo. Foram cortadas as ligações com o estrangeiro, desapareceram os visitantes, restavam embaixadores e um ou outro ocasional viajante. O Parthenon foi transformado numa mesquita e a vida de Atenas transformou-se numa vida rural, assim como a do grande porto de Piraeus.
O império OTONOMANO durou 400 anos até ser deposto por uma rebelião.
O SEC XIX veio calmamente. Começaram as escavações arqueológicas e uma cidade modesta tomou forma. O porto de Piraeus cresceu.
Mas o grande “boom” populacional de ambos aconteceu repentinamente em 1921 como resultado de uma trágica guerra entre Grécia e Turquia. Um tratado de paz resolveu a guerra mas foi determinado que haveriam de ser trocadas as populações de cada etnia, muçulmanos por cristãos. As pessoas viram a sua identidade ser avaliada com base apenas na RELIGIÃO e assim, chegaram a Atenas e Piraeus cerca de 1 MILHÃO de refugiados vindos da Turquia. A sua integração e sobrevivência são um dos grandes eventos da história da cidade que deixou marcas até hoje, e que na altura mudou numa acentada a organização e aspecto da capital.
Rapidamente se chega à Atenas feia, sobrepopulada e suja de hoje... pudera.
Entretanto, o BLUE STAR PAROS também chegou ao Porto de Piraeus. E nós, quais refugiadas vindas do Oriente desembarcamos à 2h00, sem sítio para dormir.
1 comentário:
Parabéns.És uma pessoa que além de simples viajante demonstra um interesse pela história e cultura dos países que visita e não vai apenas por ir,limitando-se a olhar superficialmente e apenas a disparar a máquina fotográfica,para poder mostrar aos amigos e conhecidos e dizer: estive aqui!
Mais que isso, as tuas viagens são "um banho de cultura".
Continua sempre assim.
Boas e muitas viagens.
Ah... e vai-nos dando conhecimento das mesmas.
Beijinhos.
Até sempre.
Enviar um comentário