Há quem vá para a
Madeira a pensar nas levadas, ou na poncha, ou na espetada em pau de louro, ou
na vida de ilha a saltar de mergulho em mergulho, todas elas ideias
maravilhosas.
Eu, confesso que fui para a Madeira a pensar na caminhada entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo. Era
o meu “obrigatório”.
Apesar deste se
estar a afigurar um ano dedicado a ilhas, como amante de paisagens montanhosas,
sempre com a cabeça nas nuvens e nas alturas, encontrei na Madeira um dos
sítios com o melhor dos 2 mundos.
É preciso dizer que sair de casa com um “obrigatório” destes é meio caminho andado para a
desilusão. Já se sabe que as montanhas têm “vida própria”, com nevoeiros que
entram e saem enquanto o diabo esfrega um olho e quem decide se percorremos o
caminho ou não, são elas e não nós.
Este é um dos trilhos
mais icónicos da Madeira pois liga os picos mais altos da ilha, do Pico do
Areeiro 1817m, ao Pico das Torres 1851m, ao Pico Ruivo 1861m, através do maciço
montanhoso central, permitindo vistas fantásticas para as redondezas.
Como curiosidade,
estes 3 picos são também os 3º, 4º e 5º picos mais altos de Portugal, logo a
seguir à Serra da Estrela (1993m) e ao maravilhoso Pico do meu coração, nos Açores (2351m).
Quando chegamos ao
Pico do Areeiro, está nevoeiro e não conseguimos ver imediatamente
as tais vistas fantásticas.
Mas são uns
farrapos de nevoeiro que fazem aparecer e desaparecer as montanhas no meio
deles, por isso, decidimos avançar.
Após um início bem nublado,
quando chegamos ao Pico do Gato onde é necessário escolher um dos trilhos
(Oeste ou Este), percebemos que
o nevoeiro se concentra do lado Este do maçico, e por isso decidimos continuar escolhendo o percurso
Oeste.
A paisagem é fenomenal e começa finalmente a revelar-se.
A paisagem é fenomenal e começa finalmente a revelar-se.
O que se seguiu depois
foi um encadear de panoramas inesquecíveis, e um percurso em tudo interessante, muito bem sinalizado, com os seus convenientes túneis (na Madeira chamam-se “furados”) e alguns
declives, mas poucos.
Ao contornar o
Pico das Torres, no final espera-nos uma subida bastante íngreme através de escadas
com corrimão.
Após esta subida, mesmo antes da chegada ao Pico Ruivo, passamos por uma zona de árvores centenárias, que já lá deviam estar quando o Sr João Gonçalves Zarco desembarcou na ilha pela primeira vez.
Uma das coisas que mais gosto é do cheiro da vegetação (urze) que encontramos nestas altitudes.
Em pouco tempo
chegamos ao abrigo do Pico Ruivo, encruzilhada de caminhos para vários pontos
da ilha: o PR1 – Pico do Areeiro (de onde viemos), o PR1.2 – Achada do Teixeira
(para onde vamos), o PR1.3 – Encumeada (da próxima vez!) e o PR1.1 vereda da
Ilha.
O abrigo é mantido
por um senhor, uma espécie de Ranger do
Pico Ruivo, que nos oferece bananas. Acompanhamos com poncha para aquecer
porque parámos de caminhar e entretanto caiu um nevoeiro impossível de
acreditar dos “ainda há 2 minutos aqui estava sol e céu azul”.
Dali a pouco percorremos os 2km do Pico Ruivo até à Achada do Teixeira praticamente sem conseguir ver os próprios pés, mas com os olhos a cintilar das paisagens e dos caminhos percorridos anteriormente.
E por isso é que
as montanhas são tão mágicas e hipnotizantes. Porque são elas que decidem como
é que é e nós se tivermos sorte aproveitamos as oportunidades que elas nos dão,
sempre com muito respeitinho.
Para mim Pico há só um, não quero cá ciumeiras, mas na Madeira adoptei os meus outros dois Picos,
o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo, onde sem dúvida voltarei outra vez e outra e
outra.
Dados (aproximados): distância: 8.4km
| duração: 3.5h | desnível total: 300m(up/down)
5 comentários:
Lindas fotografias e fantástico local. Obrigado e parabéns pelo registo e descrição. Bastante interessante sem duvida alguma.
Cumprimentos. Marketing Turismo
Fantástico!
Estou rendida, também quero ir aos picos da Madeira!
C.
Uau! Mais um trilho para a nossa wish list :)
Beijinhos nossos
Fantastico. Sabe me dizer, se na ACHADA DO TEIXEIRA, existe algum transporte para voltar a fase inicial? ou é necessário voltar pelo mesmo caminho?
Olá! Penso que não existe transporte. Quem faz este percurso normalmente já tem uma boleia ou um taxi combinado para voltar ao local inicial.
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