30 de novembro de 2011

Sobre o ir aonde já se foi

Sou do tipo de pessoas que quando gosta de um filme, revê-o até decorar as falas.
Antes fazia mais isso, agora não tenho tido muito tempo.
Mas na mesma linha de pensamento obsessivo, adoro regressar a sítios que gosto, que me marcaram, onde fui feliz, onde chorei baba e ranho, onde aprendi, onde me perdi, onde o tempo parou.
Sítios como Marrakech... Siena... e claro, wherever na Índia, são os meus sítios.
Mas quando digo que vou regressar lá vêm os comentários: “outra vez?”, “mas isso é mais do mesmo”, “que desperdício de férias voltar a sítios que já se conhece”... Bah!

Reparei, que a ideia de “não se poder repetir” sítios está muitas vezes associada à ideia de “fazer” sítios: “fazer o deserto do Sahara” ou “fazer o sudeste asiático” e àquelas listinhas de TO DO que cada um arquitecta para as suas férias após férias e depois vai assinalando “check”, “check”, “check”.

Hey! Compreendo muito bem o que é arquitectar férias, afinal passo grande parte do meu tempo livre na Lua a sonhar com o próximo sítio que vou conhecer... Também compreendo o que é não haver tempo a perder, porque as férias são tão curtas, porque a vida muda do pé para a mão e ainda temos tanto para experimentar.
Mas o que não me cabe na cabeça é o conceito da check list, do “been there, done that”, do “menos um na lista!”.

Afinal porque viajamos?
Para conhecer um sítio é preciso saboreá-lo. E isso muitas vezes envolve aquele conceito esotérico de voltar lá... regressar.

Nunca nada será igual. Isso é garantido.
Mesmo que nada tenha mudado, para além dos milhões de pessoas que nasceram e morreram, das auto-estradas que se construíram ou dos governos que caíram. 

Pelo menos hão-de ter mudado os nossos olhos.
Por isso nunca nada será igual.

2 comentários:

Viagens a Dois disse...

Adorámos este post porque partilhamos exactamente da mesma opinião. Sempre que regressamos a um local vivemos momentos diferentes que nos marcam de modos diferentes e o mais engraçado é quando se repara em algo que antes passou despercebido, como por exemplo um pormenor de um determinado monumento, uma rua nova, quando se experimenta um restaurante novo que se adora, etc.
É sempre bom voltar, viver e reviver...
Abraços

VagaMundos disse...

Estamos completamente de acordo. Temos sempre vontade em conhecer novos lugares e novas culturas, mas sabe tão bem regressar aos locais que nos marcaram. E não são raras as vezes em que optamos pelo regresso em lugar da descoberta.
Boa viagem pela India :)