28 de agosto de 2015

PICO, the grey


O Pico é daqueles locais que exercem um certo magnetismo sobre as pessoas que o visitam. Mesmo ao longe, do Faial, de São Jorge ou a sobrevoar de avião, é conhecida a boa disposição que a visão do Pico por entre as nuvens transmite às pessoas.

O Pico desenvolveu-se durante séculos entre a produção de vinho e a caça ao cachalote, sempre em contacto directo com o Faial e São Jorge (as ilhas do triângulo) e hoje alberga um dos sítios Património Mundial da Humanidade da UNESCO, é a base perfeita para a observação dos gigantes marítimos que todos os anos cruzam estas águas, apresenta uma das mais fantásticas e selvagens oportunidades de trekking na montanha mais alta de Portugal e é uma das ilhas açorianas mais procuradas pelos viajantes.

A ilha do Pico também é uma das minhas favoritas. 
Aqui fica o meu best of Pico:

1. Subir aos 2351m


A magnífica montanha do Pico impõe-se na paisagem da ilha graças aos seus majestosos 2351m de altitude e a caminhada que nos leva até ao topo é uma das actividades mais apetecíveis que a ilha oferece.

A partir dos 1200m são 3h sempre a subir até à cratera onde está o Piquinho, a cereja no topo do bolo das vistas fantásticas e únicas.



2. Perder o Norte nas vinhas da Criação Velha

O cultivo da vinha foi introduzido pelos primeiros povoadores da ilha que não encontraram o terreno arável próprio para o cultivo de cereais como nas outras ilhas.

Assim improvisaram a inteligente solução de pequenos currais de pedras de basalto empilhadas à mão que protegem as videiras da maresia e do vento, plantadas praticamente sem terra nas fendas entre as rochas.

Os currais são multiplamente inventivos pois tiram partido da riqueza mineral dos terrenos pedregosos de lava e ainda servem de estufa armazenando o calor durante o dia e libertando-o à noite.


Numa ilha aparentemente inóspita encontramos um monumento à imaginação, ao engenho e à arte do Homem que aqui criou algo a partir do nada e que é, desde 2004, Património da Humanidade da UNESCO.

Existem diversos percursos pedestres assinalados onde nos podemos perder nesta paisagem ímpar. Mas info aqui.



3. Provar os vinhos do Pico e debater sobre qual é o melhor

Nas vinhas do Pico cultivam-se as uvas das castas verdelho, arinto e terrantez e o vinho aqui produzido chegou, em tempos, à mesa dos czares russos.

Produzem-se vinhos brancos, tintos e rosé que tentam recuperar o prestígio do antigamente: “Curral Atlantis”, “Terras de Lava”, “Basalto”, “Lajido”… marcas que celebram a relação Homem-Natureza.

O difícil é escolher por onde começar mas o melhor é ir provando um de cada vez. 


4. Percorrer a "Longitudinal" e a "Transversal"


Não adoram estradas que têm nomes em vez de números?

5. Ver a Lagoa do Capitão

Provavelmente a lagoa mais fotogénica do Pico

6. Percorrer a Rota da Faina Baleeira


É no Pico que encontramos os principais vestígios e património da época da caça à baleia nos Açores.

Em São Roque o Museu da Indústria Baleeira, no edifício da antiga fábrica Armações Baleeiras Reunidas, ainda preserva fornalhas, caldeiras e outros equipamentos utilizados na transformação do cachalote.



Nas Lajes do Pico, o Museu dos Baleeiros, que foi arquitectado dentro das antigas casas dos botes, mostra-nos arpões, utensílios da época e como a vida das pessoas que andavam na caça à baleia era dura.

Só sei que nunca mais olhei para uma “rampa da baleia” com os mesmos olhos.



Também nas Lajes, foi fundada a primeira empresa de observação de cetáceos dos Açores, o Espaço Talassa, responsável por reavivar a chama cosmopolita desta antiga vila baleeira, agora com os olhos postos no futuro e na preservação dos animais.

7. ver o Pôr do Sol nas Lajes

A vila mais pitoresca do Pico

8. Perceber porque o Pico é a ilha cinzenta

E apreciar os campos de lava (lajidos) e os "mistérios" que pontuam a paisagem 

9. Almoçar na Ponta da Ilha

Quando estou no Pico programo sempre uma pit stop para almoço no restaurante Ponta da Ilha, na Piedade. É um restaurante simples e familiar que faz parte da Associação de Armadores de Pesca Artesanal do Pico e onde o peixe fresco acabado de pescar é o protagonista.

Para além disso também se pode aproveitar e visitar o farol da Manhenha, um dos poucos abertos ao público, em plena paisagem protegida.


10. Dar um mergulho na baía do Pocinho

O Pico não tem praias mas oferece várias zonas balneares e piscinas naturais que aproveitam o recorte da costa e proporcionam um cenário natural único.

Se não ficarem no exclusivo Pocinho Bay dêem pelo menos um mergulho nesta encantadora enseada.


11. Ficar a ver passar os navios na Madalena


Quando é preciso fazer tempo à espera de barco para atravessar o Canal, já com o coração dividido entre o Pico e o Faial.



1 comentário:

MH disse...

Descrito com muito sentimento, até parece que tens alma açoriana. As fotos estão um espanto!!!